Hoje venho com uma resenha de um livro que se tornou uma das minhas melhores leituras do ano e da vida! Demorei a fazer a resenha pois demorei alguns dias refletindo tudo sobre a mensagem que o autor quis pensar, levei um tempo para mastigar. Mas vamos ao que interessa:
O livro de hoje é o incrível Todo dia - David Levithan
Páginas: 279
Editora: Galera Record
Classificação: 5 estrelas!!!
Sinopse: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento todas as suas prioridades mudam, e conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.
"Acordo. Imediatamente preciso descobrir quem sou. Não se trata apenas do corpo - de abri os olhos e ver se a pela é clara ou escura, se meu cabelo é comprido ou curto, se sou gordo ou magro, garoto ou garota, se tenho ou não cicatrizes. O corpo é a coisa mais fácil à qual se ajustar quando se está acostumado a acordar em um corpo novo todas as manhãs. É a vida, o contexto do corpo, que pode ser difícil de entender." - Página 7
Assim começa o livro e a premissa proposta pelo ator foi simplesmente genial, interessante, chama atenção e durante o decorrer da história, prende o leitor. Cada capítulo do livro é um dia, um corpo e uma vida diferente para o personagem.
Como a sinopse apresenta, A não possui um corpo próprio, não possui gênero nem uma aparência física definitiva, é apenas uma consciência de si mesmo. A tem um passado, uma vida, assim como qualquer pessoa normal, porém não nos mesmos padrões.
"O passado não me ofusca, nem o futuro me motiva. Concentro-me no presente, porque é nele que estou destinado a viver." - Página 12
Já no primeiro capítulo ele se apaixona pela namorada do corpo em que ele habita, Rhiannon. Até então, A se esforçava para manter a sua passagem pela vida das pessoas o mais discreta possível, já havia se acostumado a essa condição e só conhecia essa vida. No entanto, ao ver Rhiannon, alguma coisa dentro dele muda e ele acaba fugindo da rotina de Justin, o namorado dela cujo o corpo ele habitou quando a conheceu. Após se apaixonar, o protagonista passa a pensar em si mesmo, na possibilidade de acordar todos os dias no mesmo corpo, construir uma vida estável e poder planejar seu futuro.
Ao longo da história o autor nos mostra essa busca do personagem de pertencer a um lugar, viver o seu primeiro amor e poder ter uma vida normal.
A não possui gênero, ou seja, não é homem nem mulher. A editora optou por colocar "o" pois na língua portuguesa é necessário delimitar um gênero, ao contrário do inglês, que é o usado o "the", um artigo único e sem distinção de gênero ou número. Além disso só acorda em corpos que possuem a mesma idade que ele, no tempo em que se passa a história é 16 anos.
Durante a leitura eu percebi uma condição paradoxal do personagem. A possui um conhecimento de mundo amplo, possui uma bagagem de diversas experiências como a depressão, vício, sexualidade, modelos de família, diferentes hábitos... Contudo, por não se fixar por muito tempo em um lugar ou em um corpo, existe um empecilho para que ele se aprofunde, o tempo.
É um personagem completo universalmente, imcompleto em termos de profundidade do seu conhecimento e além de tudo complexo. Apesar da falta de aprofundamento ele possui uma mente aberta e compreensiva com qualquer manifestação humana.
"Na minha experiência, desejo é desejo, amor é amor. Nunca me apaixonei por um gênero. Apaixonei-me por indivíduos. Sei que é difícil as pessas fazerem isso, mas não entendo porque é tão complicado, quando é tão óbvio." - Página 123
A apresenta-se maduro e altruísta para a sua idade, mas ao mesmo tempo mostra as mesmas inquietudes da adolescência: a de pertencer a um lugar, a um grupo, a de ter uma identidade própria, a insegurança...
O livro é narrado em primeira pessoa, aumentando a empatia do leitor com o protagonista. Além disso, David Levithan nos apresenta a condição de A de forma convincente, como se fosse real e não um elemento sobrenatural da história. Aproveitando-se dessa condição de seu personagem, a de conhecer diversas famílias e situações, o autor ensina ao seu leitor lições, mas não de um modo chato e pedante, apontando o dedo e pregando uma moralidade. O que ele faz é colocar um leque de vidas, dificuldades e problemas, nos mostrando um mundo além do nosso.
Me supreendi muito com o livro, tive uma ideia de que fosse uma comédia com um toque de sobrenatural e com um final clichê e o que nos é apresentado é totalmente diferente. É uma leitura que te faz refletir e repensar sua visão de mundo, mostra outros problemas além dos seus, o seu lugar no mundo e acrescenta. Te faz crescer e se sentir melhor.
Espero que tenham gostado, deixem suas opiniões aí nos comentários!
Beijos de luz e até a próxima!
Maris (: